domingo, 15 de maio de 2011

Carta a Maria Teresa Eglér Mantoan


Ola! Queridos(as) colegas Professores(as) ,

Peço-lhes que leiam este e-mail, que trata de assunto muito sério, até o final. E pensem com carinho sobre o que escrevi.

Como muitos e muitas de vocês já sabem, estamos em campanha pela coleta de assinaturas de um manifesto em prol da inclusão, disponível em:
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=INCLUSAO

Mas, para que vocês tenham ciência da urgência e da gravidade do assunto (e, assim, possam agir no que for possível) resolvi escrever esse e-mail/pedido.

Estão acontecendo fortíssimas campanhas (no Senado e na Câmara Federal) para atacar alguns documentos FUNDAMENTAIS para a inclusão. Um deles é a Meta 4 do Plano Nacional de Educação, que ainda está em tramitação e, portanto, é a mais frágil de todas.

Há, ainda, movimentos para a dissolução da Polítca Nacional de Educação na Perspectiva da Educação Inclusiva, que vocês tanto conhecem e que embasa nosso trabalho. Estão sendo também desarquivados projetos de lei que já tinham sido rejeitados por pareceres técnicos do MEC (inclusive um de emenda à Constituição Federal).

E tudo isso porque as pessoas que apoiam as políticas de segregação e assistencialismo das escolas especiais estão aproveitando a mudança de governo para tentar retomar o espaço que perderam por causa da nossas conquistas na inclusão (digo nossas porque essa é uma luta de todos nós).

Nós sabemos muito bem que a proposta do MEC foi flexível: permitiu que as escolas especiais não fechassem, mas que, em vez de escolarizar, apenas oferecessem o AEE. No entanto, manipulam a imprensa e a opinião pública, dizendo que o MEC vai fechar o INES, o Instituto Benjamin Constant e outras intituições "importantes para a sociedade". Com isso, TENTAM MODIFICAR NOSSAS LEIS PARA REGULARIZAR DE VEZ A ESCOLA ESPECIAL!!! Isso é muito grave.

Não podemos esquecer que os opositores da inclusão são fortes perante a opinião pública. Bradam que "a sociedade" quer a escola especial. Mas nós todos sabemos que isso não é verdade. E VAMOS FICAR PARADOS??? Tenho certeza de que não. Temos que mostrar que existe um exército que luta todo santo dia para fazer a inclusão nesse país dar certo. Temos que dar voz às mães e aos pais que choram quando vêem que o filho tem direitos, que aprendeu, fez amigos, avançou, está feliz...

Está havendo uma manipulação da informação para deixar a população contra as política de inclusão do MEC e para, inclusive, derrubar a secretária de Educação Especial e sua equipe (tem uma passseata marcada em Brasília para o dia 19 de maio).

E, pior de tudo, é que, em meio a todo esse absurdo, as crianças são o que menos contam.

O QUE PODEMOS FAZER???

TUDO. Existe um abaixo-assinado do INES contra a inclusão que já tem mais de 7,5 mil assinaturas. Nossa meta é chegar à marca de 10 mil assinaturas no NOSSO MANIFESTO. Como vamos fazer isso? Criando redes. Sabemos muito bem fazer isso!

Importante: para assinar a petição online, é preciso que a pessoa tenha um e-mail válido. Mas, caso vocês queiram coletar assinaturas de pais e mães que não tenham e-mail, é simples: basta que vocês apenas peguem o nome completo, a cidade e o estado e o CPF da pessoa e enviem PARA O E-MAIL DA MEIRE CAVALCANTE:mecavalcante@gmail.com

Temos apenas uma semana para atingir a meta de 10 mil assinaturas. Acredito que conseguiremos. Depois de ver a revolução que conseguimos fazer até hoje nas escolas do país (e que ainda vamos fazer, porque nãoi desistimos do que conquistamos!), tenho certeza de que NADA É IMPOSSÍVEL. E vocês, acham que é possível?

Contamos com cada um(a) de vocês.

http://www.peticaopublica.com.br/?pi=INCLUSAO

Um abraço da Maria Teresa Mantoan

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Fortaleza, 15 de maio de 2010
Prezada Professora Maria Teresa,
juc
Sou pai de surdo e li atentamente seu email em que pede adesão pública a um abaixo-assinado on line pelo respeito à Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CPPD). Concordo inteiramente com o que está escrito na Petição, e até mesmo com a convenção inteira, incluindo outras partes dela que a senhora não citou (como o Art. 30), talvez por não achar nesse momento que elas sejam assim tão importantes, embora eu não deva achar, por isso, que a senhora delas discorde ou que as desconheça. Pelo seu currículo Lattes, sei que a senhora nunca estudou sobre a cultura surda e a educação surda; contudo, já que a senhora reivindica a CPPD e a legislação presente em nosso país, sou levado a crer que, assim como eu e outros pais de surdos, também discorda da Diretora de Políticas Especiais da Secretaria de Educação Especial do MEC, quando ela afirmou não haver cultura surda. Afinal, a Decreto 5.626/2005, assinado pelo então Presidente Luís Inácio Lula da Silva, e pelo já Ministro de Educação Fernando Haddad, define “a pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras” (Art. 2º, negrito meu). Então, segundo a lei, que a senhora quer defender contra os partidários da segregação e do assistencialismo, há, sim, cultura surda; e se estamos com a lei, tal como a senhora nos convocar a estar, então não podemos concordar com a Diretora da Secretaria de Educação Especial do MEC.
Sou levado a crer também que, concordando com Decreto 5.626/2005, a senhora também o defende quando ele diz no Art. 22 que:
“As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem garantir a inclusãode alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de:
“I - escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngües, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental;
“II - escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade lingüística dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e intérpretes de Libras - Língua Portuguesa.
“§ 1o São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo”.
Veja, professora, que o Decreto fala em classes e escolas bilíngues, definindo-as como aquelas em que as línguas de instrução são a Libras e o português escrito. Se defendemos as leis existentes em nosso país, então também defendemos as classes e escolas bilíngues, tais como o decreto 5.626/2005 as define, não é? Então, nisso também estamos de acordo, prezada professora. Aliás, sob a perspectiva desse Decreto, podemos ver refletida essa sua determinação na própria Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, quando esta define em seu artigo 24 que devem ser garantidos aos surdos:
“b) Facilitação do aprendizado da língua de sinais e promoção da identidade linguística da comunidade surda;
“c) Garantia de que a educação de pessoas, em particular crianças cegas, surdocegas e surdas,seja ministrada nas línguas e nos modos e meios de comunicação mais adequados ao indivíduo e em ambientes que favoreçam ao máximo seu desenvolvimento acadêmico e social”.
Também o Art. 30, § 4, que a senhora esqueceu de citar em sua proposta de petição, diz que:
“As pessoas com deficiência deverão fazer jus, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, a que sua identidade cultural e linguística específica seja reconhecida e apoiada, incluindo as línguas de sinais e a cultura surda”.
Veja, professora: segundo a CPPD, é preciso promover a identidade linguística surda, reconhecer e apoiar a identidade cultural dos surdos, de modo mais definido, acultura surda, e mais ainda, que a educação dos surdos e surdocegos seja ministrada em língua de sinais, em ambientes que lhes sejam favoráveis social e academicamente. É... realmente não concordamos com a Martinha Claret, porque ela, ao contrário de nós, discorda da CPPD! Veja também, professora, que, segundo o Decreto 5.626/2005, os ambientes mais favoráveis ao aprendizado dos alunos surdos são as classes e escolas bilíngues. Concordamos também com isso, não é? Senão, não estaríamos de acordo com a CPPD e as leis de nosso país, como a senhora e eu dissemos estar!
Mas, se é assim, professora, então além de discordar da SEEsp/MEC, discorda do que a senhora mesma disse em entrevista à revista Nova escola (Edição 182, maio de 2005):
"Uma criança surda, por exemplo, aprende com o especialista libras (língua brasileira de sinais) e leitura labial. Para ser alfabetizada em língua portuguesa para surdos, conhecida como L2, a criança é atendida por um professor de língua portuguesa capacitado para isso. A função do regente é trabalhar os conteúdos, mas as parcerias entre os profissionais são muito produtivas. Se na turma há uma criança surda e o professor regente vai dar uma aula sobre o Egito, o especialista mostra à criança com antecedência fotos, gravuras e vídeos sobre o assunto. O professor de L2 dá o significado de novos vocábulos, como pirâmide e faraó. Na hora da aula, o material de apoio visual, textos e leitura labial facilitam a compreensão do conteúdo".
As pessoas mudam de ideia, o que é muito natural e muito bom. Como disse o poeta, o coração de um mortal muda muito rápido. E cinco anos são mais do que suficientes para que a senhora tenha mudado de ideia! Como a senhora pode recordar ao reler essas palavras, nessa época sua posição era a de que o principal aprendizado linguístico necessário à apreensão dos conteúdos acadêmicos pelos alunos surdos era o português. O menino surdo deveria aprender alguns vocábulos com o professor de português e depois, em outra aula, fazer a leitura labial do outro professor! Mais ainda, a senhora achava que o professor saber libras era até mesmo desfavorável e desestimulante para a aprendizagem do aluno:
"É até positivo que o professor de uma criança surda não saiba libras, porque ela tem que entender a língua portuguesa escrita. Ter noções de libras facilita a comunicação, mas não é essencial para a aula”.
Graças a Deus, a senhora mudou de ideia e agora concorda com a CPPD e nos convoca a lutar para que – repito! – a educação de surdos seja ministrada em língua de sinais. Estamos, pois, de acordo em que a Libras deva ser a língua de instrução do aluno surdo e que ele não deve ter acesso ao conteúdo ensinado nem primeiramente nem principalmente em português (ainda que escrito), mas, sim, em libras, de onde deverá se apropriar até desse conteúdo específico que é o português escrito. Se é assim, ao invés de a criança surda ficar se esforçando para dar conta ao mesmo tempo de uma língua que não é a dela (e que ela não pode nem mesmo ouvir) e de um conteúdo que lhe é repassado, terá apenas que, como todos os outros alunos, lidar com o inusitado da matéria acadêmica ministrada.
Além disso, professora, sabemos que a CPPD é fruto de um longo processo de discussão sobre os direitos das pessoas com deficiências, dentre os quais se encontra o direito à igualdade da pessoa humana, tal como a determina a Declaração dos Direitos Humanos. Por isso mesmo, é também resultado do movimento de inclusão educacional, do qual a Declaração de Salamanca é um dos marcos irrenunciáveis, não é mesmo? Espero que não tenhamos divergência quanto a aceitação desse tão importante documento, que preparou a modificação nas legislações nacionais de diversos países, na perspectiva da inclusão educacional, e até mesmo a própria CPPD. E o que diz lá sobre a educação das pessoas com deficiências? Antes de tudo, diz assim:
“Qualquer pessoa portadora de deficiência [sic] tem o direito de expressar seus desejos com relação à sua educação, tanto quanto estes possam ser realizados. Pais possuem o direito inerente de serem consultados sobre a forma de educação mais apropriada às necessidades, circunstâncias e aspirações de suas crianças” (Introdução, § 2).
Não temos discordância disso, até mesmo porque a senhora e eu concordamos com o direito ao pluralismo pedagógico e com a liberdade de ensino, determinado na Constituição de 1988 (Art. 206, II e III). Portanto, concordamos em que os surdos têm direito a optar em que modalidade de escola quer estudar, e que nada pode ser determinado sobre ele sem dele obter a anuência. Mais uma vez discordamos da SEEsp/MEC, que quer que haja uma única forma de escolarização doa alunos com deficiência, sendo as outras formas transformadas em AEE’s no contraturno.
Mas, além disso, concordamos também – assim espero! – com o que a Declaração de Salamanca diz um pouco mais adiante:
“Políticas educacionais deveriam levar em total consideração as diferenças e situações individuais. A importância da linguagem de sinais como meio de comunicação entre os surdos, por exemplo, deveria ser reconhecida e provisão deveria ser feita no sentido de garantir que todas as pessoas surdas tenham acesso a educação em sua língua nacional de sinais. Devido às necessidades particulares de comunicação dos surdos e das pessoas surdocegas, a educação deles pode ser mais adequadamente provida em escolas especiais ou classes especiais e unidades em escolas regulares” (Art. 21).
É por isso que nós, surdos e pais de surdos, estamos lutando, professora. Queremos que sejam respeitados os documentos internacionais que o Brasil assinou e as leis nacionais que dizem respeito à educação em geral e à educação dos surdos, em particular. Assim, não vejo por que haver duas petições on line com o mesmo conteúdo. Convido-lhe a somar-se conosco contra os que querem mudar a legislação existente em nosso país sobre a educação de pessoas com deficiências; que defendamos a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência; que defendamos a Constituição de 1988, e a liberdade de ensino e o pluralismo pedagógico que ela garante; que exijamos o cumprimento do Decreto 5.626/2005. Convido-lhe, sinceramente, e porque acredito em sua sinceridade, a assinar a petição a que os surdos estão nos convocando. O link para ele, respeitada professora, é http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=LutaINES. Nossos nomes poderão se encontrar lá!
Acredito sinceramente que a senhora esteja agindo de boa fé quando propõe que lutemos por essas garantias constitucionais e legais. Longe de mim pensar que em seu discurso a senhora esteja manipulando com a CPPD, apenas para criar uma infundada e sofística oposição ao bom combate que surdos e pais surdos estamos travando pela educação bilíngue para surdos. Isso não seria adequado para uma acadêmica do seu porte. Sei que a senhora, apesar de não ser conhecedora da educação surda, não desconhece essa legislação a que fiz referência; e que não estaria se referindo às leis assim levianamente. Acredito sinceramente...
Um abraço,
João Emiliano Fortaleza de Aquino, ouvinte, doutor em filosofia, pai de um menino surdo
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Colegas surdos e ouvintes que lutam pela garantia dos direitos dos surdos,
Não penso que o foco de nossa luta atual deva estar em nos colocarmos CONTRA A INCLUSÃO, pois esta é a CILADA na qual querem que caiamos. Estando contra a inclusão seremos taxados como pessoas que querem destruir as conquistas já alcançadas. RECONHECEMOS QUE É UM GRANDE AVANÇO ESTABELECER QUE TODAS AS CRIANÇAS TÊM O DIREITO DE ESTAR EM QUALQUER ESCOLA!
No entanto, A QUESTÃO É: TODAS AS CRIANÇAS DEVEM TER O DIREITO DE ESTAREM NAS ESCOLAS QUE MELHOR AS ATENDAM!
Assim, para os surdos, um atendimento no AEE (Atendimento Educacional Especilizado oferecido paralelamente no contraturno) NÃO É MELHOR QUE PODER ESTUDAR NUMA ESCOLA (ou classe) BILÍNGUE ESPECÍFICA DE SURDOS.
NOSSA LUTA NÃO É CONTRA O AEE: NOSSA LUTA É A FAVOR DAS ESCOLAS E CLASSES ESPECÍFICAS DE SURDOS, OU SEJA, NOSSA LUTA É A FAVOR DE ESCOLAS E CLASSES BILÍNGUES QUE GARANTAM ACESSO, PERMANÊNCIA E SUCESSO EDUCACIONAL.
O “direito de estar em qualquer lugar” não é maior que “o direito de estar no melhor lugar”.
Estar numa escola/classe significativa e eficiente é o que possibilita a verdadeira inclusão: A INCLUSÃO SOCIAL!
SOMOS CONTRA A INCLUSÃO FORÇADA EM ESCOLAS DESPREPARADAS!
Entendemos que a inclusão social não passa unicamente pela inclusão escolar: A INCLUSÃO SOCIAL PASSA POR ESCOLAS E CLASSES BILÍNGUES ESPECÍFICAS DE SURDOS, nas quais seja criado um profícuo ambiente lingüístico natural para a aquisição precoce da Língua de Sinais, nas quais a LIBRAS seja garantida como língua de instrução (sendo imprescindível o trabalho dos intérpretes) e nas quais a cultura surda seja conhecida e potencializada.
Somos CONTRA A INCLUSÃO ESCOLAR FORÇADA, SEM OPÇÃO DE ESCOLHA (que é o que está acontecendo com os estudantes do Colégio de Aplicação do INES e com a maioria dos surdos brasileiros).
No entanto, nesta nossa luta, não adianta focar no “FECHAMENTO” do INES, pois O MEC diz que o INES não vai fechar (e muitos se dão por satisfeitos com esta informação). Sim, o INES “não vai fechar”, mas os seus atuais estudantes do Ensino Fundamental serão obrigados a estarem em escolas comuns chamadas inclusivas: pulverizados em escolas que não garantem a especificidade da língua e da cultura surda.
O INES não vai fechar, mas será TRANSFORMADO EM ESPAÇO DE AEE! Assim, querem que seu caso seja modelo para o Brasil!
ISTO É UMA AGRESSÃO À DEMOCRACIA! É A DITADURA DA INCLUSÃO!
O “direito de estar incluído” deve ser preservado, mas este não resolve! Fala-se muito em Escola para Todos, mas geralmente não se diz que ESCOLA PARA TODOS NÃO É SINÔNIMO DE MESMA ESCOLA.
INCLUSÃO ESCOLAR NÃO É O OBJETIVO FINAL! O OBJETIVO FINAL É A INCLUSÃO SOCIAL! Mas a chamada “Inclusão” tem sido entendida meramente como socialização na escola regular, ou como um atendimento adicional e paralelo no contraturno.
Transformar uma escola de surdos (já tão poucas) num centro de AEE é uma agressão; excluir uma possibilidade legítima e histórica (como é o caso do INES) é uma postura antidemocrática! Nenhuma criança vai adquirir a Língua de Sinais de maneira natural nas salas do AEE!
Que fique bem claro: A DEFESA PELA ESCOLA BILÍNGUE OU PELA CLASSE BILÍNGUE ESPECÍFICAS DE SURDOS NÃO SIGNIFICA OPOSIÇÃO AO PRINCÍPIO DA INCLUSÃO! O princípio da inclusão não pressupõe necessariamente “inclusão escolar”, pois mais importante que a inclusão escolar é a efetiva inclusão social.
O problema maior com a Política Nacional atual é o TOTALITARISMO: a obrigatoriedade de incluir! Esquecem-se de que o problema maior não é o tipo de escola, mas a Educação.
É tempo de divulgar para todos que a proposta de UMA ESCOLA, OU CLASSE, ESPECÍFICA PARA SURDOS É UMA OPÇÃO COM FUNDAMENTO CIENTÍFICO. Jamais se pode negar que a escola bilíngue específica é uma excelente condição para que os surdos tenham acesso natural e confortável aos conteúdos curriculares, e na mesma faixa etária em que as crianças não surdas são expostas ao currículo oficial. ESTE SUCESSO DEPENDE DO TRABALHO DE UMA ESCOLA, NÃO DO TRABALHO DE UM ATENDIMENTO NO CONTRATURNO. Por isto defendemos o Colégio de Aplicação do INES! Sabemos que o que acontecer com esta escola histórica será o destino das demais escolas públicas do Brasil!
Sabemos que a defesa pela escola/classe específica não garantirá o êxito pleno apenas pelo fato de nela se colocar estudantes surdos, professores surdos e ter a língua de sinais como língua de instrução - visto que não é a proposta que garante a qualidade, antes, são inúmeros os fatores intervenientes. É óbvio que escolas que não têm o perfil da especificidade podem também realizar um excelente trabalho – caso queiram.
A QUESTÃO NÃO É AJUDAR A INCLUSÃO A DAR CERTO. A QUESTÃO É: EXISTE UMA PROPOSTA MELHOR QUE A INCLUSÃO ESCOLAR, E ESTA VEM SENDO NEGADA.
CONSIDERO ANTICONSTITUCIONAL E ANTIÉTICO IMPEDIR UMA FORMA DE EDUCAÇÃO POSSÍVEL CIENTIFICAMENTE COMPROVADA. Ao menos deveria ser possível a liberdade de escolha! Uma sociedade inclusiva e democrática caracteriza-se justamente por não impor autoritariamente um único modelo.

ABAIXO A DITADURA DA INCLUSÃO DE SURDOS EM ESCOLA COMUM!

A VERDADEIRA INCLUSÃO É A INCLUSÃO SOCIAL E NÃO A MERA INCLUSÃO ESCOLAR!

O AEE JAMAIS PODERÁ SER COMPARADO A UMA ESCOLA OU CLASSE BILÍNGÜE ESPECÍFICA PARA SURDOS, POIS A ESCOLA OU A CLASSE ESPECÍFICA DE SURDOS É O TIPO QUE MAIS ADEQUADAMENTE PODE CONFIGURAR-SE COMO UM AMBIENTE LINGUÍSTICO NATURAL!

Vamos a Brasília os dias 19 e 20 de maio defender os direitos dos surdos!
Profa. Dra. Nídia Regina Limeira de Sá (UFAM/AM)


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CARTA DE UMA PROFESSORA SURDA A MARIA TERESA MANTOAN
Entendo seu ponto de vista a favor da inclusão, visto ser a educação um direito de todos. Também quero deixar bem claro que a Comunidade Surda não é contra a inclusão; pelo contrário, sempre foi um sonho de todos nós. Apenas a nossa idéia de inclusão é diferente, nós defendemos a inclusão social, isto é, quando o surdo chegar em alguma repartição pública ou privada (aeroporto, hospitais, escolas, médicos ...) que ele seja atendido em sua língua.
Acredito que a senhora nunca leu os estudos de William Stokoe, um linguista norte-americano que reconheceu a língua de sinais como língua. E infelizmente, como no Brasil a educação anda a passos de tartaruga, apenas em 2002 esta língua foi reconhecida. Também acho que a senhora não conhece a sofrida história da educação de surdos ao longo dos tempos. No passado, os surdos eram considerados incapazes ou deficientes mentais. E por mais de cem anos foram proibidos de usar sua língua e sua cultura, e o resultado foi desastroso com a oralização, método utilizado no passado, que fez com que muitos surdos desistissem de estudar, continuando à margem da sociedade.
Gostaria de pedir um pouco de humildade para entender por que defendemos as escolas bilíngues. E também deixar claro que o surdo é livre para escolher qual escola deseja. Eu, como ex-aluna e como professora da rede pública estadual do Ceará, com experiência em escola regular e escola bilíngue, vejo que é inviável esse processo de inclusão de todos os considerados "deficientes" numa sala comum da rede regular de ensino. Isso vai depender do tipo de deficiência do aluno; por exemplo, alunos cadeirantes e cegos tudo bem porque eles escutam, mas mesmo assim o cego vai precisar da sua escrita para ler e escrever ... e só a escola garantir isso.
Já os surdos dependem do grau de surdez, mas de qualquer maneira são prejudicados, digo isso por própria experiência, pois tenho perda moderada/severa, precisava ler lábios e sofrer com as piadinhas de mal gosto dos alunos ditos "normais".
Segundo pesquisas, crianças surdas filhas de pais também surdos desenvolvem de forma positiva a linguagem, ao contrário de crianças surdas filhas de pais ouvintes já que se comunicam em línguas diferentes. E como a maioria dos surdos são filhos de ouvintes que não usam a língua de sinais, as crianças chegam à escola sem ter adquirido uma língua e sem ter desenvolvido a linguagem. Então, a escola bilíngue é o lugar ideal para que a criança aprenda sua língua natural e assim ela aprenderá mais facilmente o português escrito como segunda língua. Sabemos que o português (língua oral-auditiva) é difícil para ouvintes, imagina para surdos que não escutam! No entanto, é possível, sim, que surdos aprendam e se beneficiem desta língua, mas de forma prazeroza e não traumática como no passado.
Sabemos que a escola pública tem vários problemas e colocar alunos com deficiências vai aumentar ainda mais. Já que estas escolas não têm qualidade nem com os alunos considerados "normais".
Na escola bilíngue para surdos onde trabalho, temos surdos com baixa visão, cegueira, atraso intelectual, cadeirantes, e no dia a dia a gente percebe como é tão difícil encontrar uma metodologia certa para cada caso. Então fico pensando como será na escola com vários alunos e como a professora vai lidar com todos de forma que todos aprendam.
Que educação queremos para nossas crianças e filhos???? Uma de qualidade ou uma de faz de conta????????
Então, para mim, inclusão não é só colocar o aluno na escola, mas dar total assistência, respeitando e adequando a metodologia de acordo com suas necessidades, para que ele realmente aprenda. E ninguém melhor que eles próprios para opinar qual escola que querem ter.

Obrigada pela atenção!!! Espero que pense e reflita!!!

"O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons" (Martin Luther King).

Maria Fausta Lima Barbosa
Professora do Instituto Cearense de Educação de surdos
Especialista em Educação especial e em Metodologia do Ensino Fundamental e Médio
Lincenciada em Letras Libras
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Caríssimos(as),

Acredito que estamos vivendo um momento muito importante na educação especial, momento em que mais do que nunca se delineia as diferenças da escola especial, da escola bilíngue, da escola inclusiva e do atendimento educacional especializado. É necessário compreender que não estamos em uma trincheira uns contra os outros, digo isto porque sou diretora de uma escola especial bilíngue para surdos e aluna da especialização em AEE e tenho aprendido muito com ambas.

Compreendo muito bem o que surdos querem: a ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA BILÍNGUE PARA SURDOS - com pedagogos surdos, professores bilíngues, interação/comunicação direta aluno-professor, metodologia visual, ensino de português como segunda língua com livro didático adequado, a disciplina libras no currículo lecionada pelo professor surdo, material didático acessível em libras...

Isto não significa que na escola bilíngue não exista inclusão e respeito à diversidade, claro que há: surdos-cegos, cadeirantes, altas-habilidades, deficiências múltiplas, autistas, downs... assim como negros, homossexuais, pessoas de baixa renda, pessoas de alta renda... convivem em plena harmonia tendo a unidade línguística da Líbras. Ter uma língua diferente, significa ter uma cultura diferente.

A condição dos surdos se assemelha à dos índios, que têm seu direito respeitado quanto à escola bilíngue indígena, com formação professores índios, respeito a sua cultura e identidade e em nenhum momento estes são considerados como gueto ou segregacionistas. Já os surdos são constantemente incompreendidos e "violentados" com palavras duras de pessoas que não compreendem sua singularidade linguistica-cultura, nem levam em consideração os estudos científicos que comprovam a importância da escola bilíngue para surdos, muito menos conseguem ver que no mundo inteiro estas escolas existem e são respeitadas pelos governantes e pela sociedade em geral.

Não queremos travar uma luta com a educação inclusiva, somos inclusivos, queremos ter também o AEE em nossas escolas, queremos RESPEITO À DIVERSIDADE CULTURAL E LINGUÍSTICA, RESPEITO À LIBERDADE DE ESCOLHA.

Portanto, não vejo sentido neste abaixo-assinado que a Sra. Mantoan está encabeçando, por favor "ouçam" os Surdos e respeitem o que eles "dizem". Não se trata de assistencialismo, pelo contrário, estudei em uma escola regular que tinha dois alunos surdos, um desistiu e outro, nós ("por assistencialismo") sempre colocávamos o nome deste surdo nos trabalhos, mas aprender de fato ele não estava, para o professor era como se ele fosse invisível, na época não tinha intérprete, mas pela minha experiência atual sei que só interprete não basta, pois é necessário uma metodologia de ensino específica.

Atenciosamente,

Juliana de Brito Marques do Nascimento (ouvinte, mas surda de coração)
Diretora do Instituto Cearense de Educação de Surdos
Mestre em Linguística - UFC
Aluna da Especialização em AEE - UFC

Um comentário:

  1. Boa tarde eu gostaria muita da ajuda de vocês eu queria muito saber oq essas duas pessoas que estar ao meu lado estão falandovcs poderia me ajudar http://www.youtube.com/watch?v=cjxrbIOXsMY

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Obrigada pela Visita!