terça-feira, 9 de agosto de 2011

Mãos falantes

Fortaleza. Iracema, virgem dos lábios de mel. O doce mel da desigualdade social. Dos índices alarmantes de deficientes físicos. Da orla bonita e com cheiro de turismo. Das ruas esburacadas e com gosto de perigo. Cegos. Cadeirantes. Muletantes. Surdos. Mudos. Todos juntos nessa ciranda de dificuldades, de inclusão e despertar social. Pelos bairros e periferias de Fortaleza, eles são mais de 300 mil. Em todo Ceará, cerca de 1,5 milhão. Patrick, Juliana, Lorena, Russo, Seu Manoel, Coelho, Franklin, Marciana, Dona Tereza, Juliana, Mauro, Maurinho, Nadja, Vitor, Maria da Penha, Ana Maciel, Seu Josué, Seu Ferreira, Joaci, Natália, David Valente, Vanessa Vidal, Bruno Gomes. 


Mãos falantes


Para quem não conhece Vanessa Vidal, ela parece uma moça hiperativa, que usa as mãos freneticamente para se expressar. Longe disso. Vanessa é calma, mas surda-muda desde criança, e suas mãos agitadas representam sua língua-mãe, o sistema de LIBRAS (Linguagem Brasileira de Sinais), que ela relutou muito em aprender. Só na adolescência foi que a cearense, de 27 anos, teve o seu “despertar social” e foi aprender a linguagem dos sinais, que não se configura em um idioma mundial, já que cada país adota variações devido a expressões, aspectos culturais e gramaticais.

Em 2008, a modelo teve seu ano dourado. Primeiro, foi eleita Miss Ceará. No Miss Brasil, acabou ficando em 2º lugar, atrás da Miss Rio Grande do Sul, Natália Anderle. Vanessa ainda ganhou o Miss Beleza Internacional e continua modelando em Fortaleza, onde estuda Ciências Contábeis em uma faculdade particular, e conta sempre com o auxílio de um tradutor de libras, que a acompanha nas aulas e no trabalho, na Secretaria de Assuntos para Pessoas com Deficiências.

Para alguns olhares sociais, Vanessa é uma moça muito bonita, de família com alguns recursos e elegante, e a surdo-mudez é apenas um detalhe. Mas para quem não teve a sorte de nascer assim, o caminho é ainda mais penoso. Além de enfrentar o preconceito contra os “mudinhos”, as barreiras da comunicação se tornam uma pedreira para o convívio social.

No bairro João XXIII, a Pastoral dos Surdos, em funcionamento desde 2004, cuida para que a educação dos surdos-mudos que a frequentam se torne algo possível. Lá, além do ensino da linguagem de sinais, o foco se concentra na integração plena dos alunos surdos-mudos na sociedade, para que procurem seu espaço no mercado de trabalho e possam levar uma vida melhor. 



http://uniaodocbrasil.com/news/brasil/noticiabrasil.php

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela Visita!